terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ela tinha um mistério que eu jamais consegui desvendar.

... Elegante como se espera de uma boa lady britânica ...
'...Se for para falar de bebidas, eu aceito, no mais, pode voltar a sentar em seu aposento.'
Ela era rígida com seu coração, guardava uma amargura que afastava qualquer homem do seu caminho, e isso a tornava objeto de desejo entre eles.
Se ela sabia disto? Provavelmente não. O que seu coração sofrera a fez enxergar um mundo totalmente seu, livre de qualquer incômodo, elogio, palavras de afeto, críticas, o que quer que fosse.
Me lembro de ter a visto numa sala de cinema aos prantos depois de um filme romântico, a partir dali sabia que ela sofria, chorava, ria; não era mais uma 'sem sentimentos' para mim. Aproxima-me dela era agora meu empenho.
Elegante como se espera de uma boa lady britânica, ela procurou um café no shopping; o café: de primeira classe, com muitos executivos e algumas senhoras e senhoritas de primeiro mundo. Olhei minha carteira e conferi se existia a possibilidade de tomar alguma coisa ali dentro, não queria perdé-la de vista.
Sentei em uma mesa um pouco afastada dela, mas suficientemente perto para analisá-la minunciosamente: ela tinha olhos castanhos, não usava maquiagem, estava num lindo vestido floral e o mais importante dos detalhes, o sorriso,  - ela sorriu para o garçom que ao meu ver já a conhecia - foi o sorriso mais lindo que eu já vi na vida.
Observei-a por alguns minutos e tomei a coragem de falar com ela.
- Boa noite, é um pouco melancólico uma jovem como você está sozinha numa mesa de café, posso lhe acompanhar?
- Boa noite, se for para falar de bebidas, eu aceito, no mais, pode voltar a sentar em seu aposento.
'Falar de bebidas? Eu mal conheço as principais.' Não tive escolha, voltei 'ao meu aposento' me sentindo minúsculo, idiota e completamente intrometido. Como ela podia deixar os homens assim?
Depois desse dia, ainda a vi por vários outros dias, e depois, não a vi mais. Peguntei ao porteiro do prédio dela e ele disse que ela havia viajado a negócios sem data para retorno. Senti como se nunca mais fosse vê-la.
Ela tinha um mistério que eu jamais consegui desvendar.

Beijos, Tay.
PS: imagem

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